
Linhas cruzadas
A religiosidade afro-gaúcha, distingue Oro, se manifesta em
três vertentes. A mais fiel à ancestralidade africana é o batuque, congênere do
candomblé e também chamado de nação, em referência a territórios de origem dos
escravos, como jeje, cabinda e nagô. Seus praticantes, fiéis a símbolos
trazidos da África e à língua iorubá, cultuam 12 orixás – Bará, Iemanjá, Obá,
Odé, Ogum, Oiá (Iansã), Otim, Ossanha, Oxalá, Oxum, Xangô e Xapanã,
identificados com santos católicos. A umbanda, que incorpora influências também
do espiritismo e das tradições indígenas, celebra em português entidades como
os caboclos, pretos-velhos e bejis (crianças). Terceira vertente desse complexo
religioso, a linha cruzada reverencia os exus, ciganos e pombajiras.
Onze anos e um recenseamento depois do Censo de 2000, as
fotografias que deram vida aos números das estatísticas foram feitas por Mirian
Fichtner em 13 terreiros, escolhidos entre uma centena, em Porto Alegre, nas
vizinhas cidades metropolitanas de Canoas, São Leopoldo e Novo Hamburgo, na
litorânea Tramandaí e em Rio Grande, no sul do estado. “Ser fotógrafa não é só
apertar o botão, mas revelar o que as pessoas comuns não conseguem enxergar”,
observa Mirian. “O que fiz foi olhar para o que ninguém olha. Todo mundo no
estado tem uma pessoa da família, um amigo, um conhecido praticante de uma
dessas religiões, mas tudo é muito subterrâneo.
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