quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Linhas cruzadas



Linhas cruzadas
A religiosidade afro-gaúcha, distingue Oro, se manifesta em três vertentes. A mais fiel à ancestralidade africana é o batuque, congênere do candomblé e também chamado de nação, em referência a territórios de origem dos escravos, como jeje, cabinda e nagô. Seus praticantes, fiéis a símbolos trazidos da África e à língua iorubá, cultuam 12 orixás – Bará, Iemanjá, Obá, Odé, Ogum, Oiá (Iansã), Otim, Ossanha, Oxalá, Oxum, Xangô e Xapanã, identificados com santos católicos. A umbanda, que incorpora influências também do espiritismo e das tradições indígenas, celebra em português entidades como os caboclos, pretos-velhos e bejis (crianças). Terceira vertente desse complexo religioso, a linha cruzada reverencia os exus, ciganos e pombajiras.
Onze anos e um recenseamento depois do Censo de 2000, as fotografias que deram vida aos números das estatísticas foram feitas por Mirian Fichtner em 13 terreiros, escolhidos entre uma centena, em Porto Alegre, nas vizinhas cidades metropolitanas de Canoas, São Leopoldo e Novo Hamburgo, na litorânea Tramandaí e em Rio Grande, no sul do estado. “Ser fotógrafa não é só apertar o botão, mas revelar o que as pessoas comuns não conseguem enxergar”, observa Mirian. “O que fiz foi olhar para o que ninguém olha. Todo mundo no estado tem uma pessoa da família, um amigo, um conhecido praticante de uma dessas religiões, mas tudo é muito subterrâneo.

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